Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua
importunação de senhores e de escravos, que não a
deixam sossegar um só momento! Como não devia viver
aflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa contava
ela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-
lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três amantes,
Leôncio, Belchior, e André, e uma êmula terrível e
desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as importunações
einsolências dos escravos e criados; mas que seria dela,
GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1995 (adaptado,
A personagem Isaura, como afirma o título do romance, era
uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentos por que
passa a protagonista
(A) assemelham-se aos das demais escravas do país, o que
indica o estilo realista da abordagem do tema da
escravidão pelo autor do romance.
(B) demonstram que, historicamente, os problemas vividos
pelas escravas brasileiras, como Isaura, eram mais de
ordem sentimental do que física.
(C) diferem dos que atormentavam as demais escravas do
Brasil do século XIX, o que revela o caráter idealista da
abordagem do tema pelo autor do romance.
(D) indicam que, quando o assunto era o amor, as escravas
brasileiras, de acordo com a abordagem lírica do tema pelo
autor, eram tratadas como as demais mulheres da sociedade.
(E) revelam a condição degradante das mulheres escravas
no Brasil, que, como Isaura, de acordo com a denúncia
feita pelo autor, eram importunadas e torturadas
fisicamente pelos seus senhores.