Lê-se esta passagem no prefácio que o poeta Álvares de Azevedo escreveu para sua obra Lira dos vinte anos:
O poema então começa pelos últimos crepúsculos do misticismo brilhando sobre a vida como a tarde sobre a terra. A
poesia puríssima banha com seu reflexo ideal a beleza sensível e nua.
Depois a doença da vida [...] descarna e injeta de fel cada vez mais o coração. Nos mesmos lábios onde suspirava a
monodia amorosa, vem a sátira que morde.
Nessa passagem, o poeta romântico está considerando
(A) o caráter idealista de sua arte, que se manifesta de modo constante e irredutível.
(B) a perda da aura romântica, que lhe sucede quando se aproxima do parnasianismo.
(C) a violência com que a negatividade anula sua pos:
idade de ter um ideal místico.
(D) a dupla condição de poesia onde se alternam o lirismo puro e a ironia que fere.
(E) a oscilação de uma lírica onde a sublimidade do amor dialoga com a da religião.