Reparando bem, descobria outras diferenças. O escudo da escola, por exemplo, que eu trazia colado no
bolsinho esquerdo do uniforme, na blusa dele era no direito.
Para testar, coloco a mão direita espalmada sobre o espelho. Como era de esperar, ele ao mesmo tempo vem
com a sua mão esquerda, encostando-a na minha. Sorrio para ele e ele para mim. Mais do que nunca me
vem a sensação de que é alguém idêntico a mim que está ali dentro do espelho, se divertindo em me imitar.
Chego a ter a impressão de sentir o calor da palma da mão dele contra a minha. Fico sério, a imaginar o
que aconteceria se isso fosse verdade. Quando volto a olhá-lo no rosto, vejo assombrado que ele continua a
sorrir. Como, se agora estou absolutamente sério? Um calafrio me corre pela espinha, arrepiando a pele: há
alguém vivo dentro do espelho! Um outro eu, o meu duplo, realmente existe!
(SABINO, F. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Record, 2008. p.68)
O texto retrata, entre outros sentimentos, o conflito do protagonista para classificar a entidade mágica proveni-
ente do espelho como uma duplicação dele ou como alguém diferente, embora muito parecido com ele mesmo.
De forma análoga, a distinção entre certos pares de arranjos moleculares pode ser bastante sutil.
B'
O primeiro par de representações de estruturas químicas da figura, por exemplo, corresponde a duas substân-
cias diferentes, a S-linalol (A) e o R-linalol (A). Ambas podem ser encontradas como componentes de óleos
de certas plantas. Já no segundo caso, as representações se referem as duas unidades da mesma substância
química, o mirceno (componente do lúpulo).
Por que A e A' representam substâncias diferentes e Be B' não?
Explique, empregando argumentos e conceitos que envolvam a descrição das estruturas de compostos de
carbono.